Três contêineres de mel piauiense estão sendo exportados para os Estados Unidos entre esta sexta-feira (1º) e a próxima terça-feira (5), em uma corrida contra o tempo. Os embarques, realizados pela Casa Apis de Picos, ocorrem às vésperas da entrada em vigor de uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que já gera um clima de incerteza e prejuízo para todo o setor apícola do estado.
Apesar da iminente taxação, que passa a valer a partir de quarta-feira (6), o presidente da Casa Apis, Sitônio Dantas, considera que a prorrogação do prazo foi positiva e permitiu estes últimos envios. Ele explica que, por força de contrato, o cliente norte-americano arcará com a nova taxa. “O orgânico está custando 3 mil dólares por tonelada, o primeiro embarque é ‘por conta’, mas os outros dois eles [importadores] vão pagar”, disse, revelando que o setor já busca mercados alternativos na Europa.
Na outra ponta da cadeia produtiva, o clima é de apreensão. O apicultor José Claro de Sousa, que migrou mais de 600 enxames para o Maranhão para fugir da seca, decidiu adiar a colheita, prevista para começar no dia 5 de agosto. A razão é a queda imediata no preço pago ao produtor, que caiu de R$ 18,50 para R$ 15,00 o quilo após o anúncio da tarifa. “Hoje é uma preocupação. Antes, 90% do nosso mel fluía no mercado norte-americano e hoje com esse problema a gente não sabe como vai ficar”, lamentou o produtor.
O impacto se estende por todo o país. Segundo Samuel Araújo, do Grupo Sama, principal exportador de mel do Brasil, os Estados Unidos compram cerca de 75% do produto brasileiro. “Houve cancelamento de embarque, mas não cancelamento de contrato, porque eles precisam do mel. Hoje o grande problema que a gente tem é a incerteza”, afirmou. O gestor da Fiepi, Islano Marques, reforça a dependência piauiense: 85% do mel exportado pelo estado vai para o mercado americano, afetando diretamente mais de 12 mil famílias de apicultores.
A nova taxação, caso não seja revertida, entrará em vigor na próxima quarta-feira (6). Para os milhares de apicultores piauienses e toda a cadeia produtiva, os próximos dias são de expectativa e definem o futuro de um dos principais produtos de exportação do estado e sua relação com o maior comprador mundial.