Na manhã desta quarta-feira (1º), o auditório da Câmara Municipal de Picos ficou lotado para uma audiência pública convocada pelo Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) com o objetivo de discutir os graves problemas no transporte coletivo urbano. Estudantes, professores, autoridades, representantes da empresa KB Transportes e moradores participaram ativamente do debate, expondo dificuldades e cobrando providências imediatas.
Entre os relatos mais marcantes, a estudante da UESPI, Roberta Diniz, natural de Pernambuco, descreveu situações de risco enfrentadas no dia a dia. “Já passei por viagens em ônibus quebrados e até sem freio. Além disso, pagar tarifas tão altas é inviável para quem depende da ajuda da família. O transporte deveria ser o mínimo para garantir que a gente consiga estudar com dignidade”, disse.
O professor Jader Abreu, do IFPI, destacou que o encontro foi um marco para dar voz à comunidade acadêmica. “É a primeira vez que sentimos espaço para falar abertamente sobre a precariedade. Queremos um transporte digno para estudantes, trabalhadores e toda a população de Picos, o que não acontece hoje”, reforçou. O diretor da UFPI em Picos, Juscelino Nascimento, também alertou para as consequências da falta de rotas adequadas, que prejudicam aulas e atividades extracurriculares.
Presidindo a audiência, o promotor de Justiça Paulo Maurício Gusmão ressaltou que o debate é uma ferramenta de participação popular. Ele afirmou que a empresa enfrenta dificuldades financeiras, mas que romper o contrato seria medida extrema. “Nosso papel é construir um entendimento que envolva Executivo, Câmara, empresa e comunidade, identificando quais melhorias são inadiáveis”, declarou.
Representando o município, o procurador geral Espedito Neiva lembrou que a Prefeitura segue decisões judiciais que obrigam a manutenção do contrato com a KB Transportes. Segundo ele, a gestão fiscaliza o serviço e abriu processo administrativo para apurar a qualidade da frota. Do lado da concessionária, o advogado Kleber Curica afirmou que a empresa passa por transição societária, reconhece as falhas e apresentará um plano de melhorias.
Ao final, alguns encaminhamentos foram definidos: a Prefeitura deverá vistoriar a frota em até 48 horas, notificando irregularidades; a empresa terá prazo de 10 dias para esclarecer mudanças societárias e apresentar propostas; a Câmara acompanhará todo o processo, com base nas reivindicações apresentadas; e as manifestações coletadas serão encaminhadas ao Judiciário.
O presidente da Câmara, vereador Rinaldinho, ressaltou a mobilização popular como fator essencial. “Há anos discutimos o transporte em Picos, mas o problema persiste. Com essa audiência, espero que o Executivo, a empresa e o Ministério Público encontrem soluções reais”, afirmou.
O encontro foi considerado positivo pelos presentes, que destacaram a importância da união entre sociedade civil, instituições públicas e a empresa concessionária para que o transporte coletivo de Picos finalmente passe por mudanças concretas.
