O estudante de Medicina Carlos Wagner Leal Cordeiro Júnior, natural de Picos (PI), foi destaque na Alzheimer’s Association International Conference (AAIC 2025), maior congresso do mundo sobre a Doença de Alzheimer, realizado neste mês em Toronto, no Canadá. O jovem apresentou os resultados finais de um estudo que investiga como o lítio pode ajudar a reduzir a inflamação cerebral em pacientes com Alzheimer.
A pesquisa foi desenvolvida ao longo de 3 anos no Laboratório de Neurociências (LIM-27) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), sob orientação da Dra. Vanessa de Jesus Rodrigues de Paula. O LIM-27 é referência nacional em pesquisas sobre doenças neurodegenerativas e atua em conexão direta com o Ambulatório de Alzheimer do Instituto, que realiza o acompanhamento clínico de pacientes e familiares, sendo um dos maiores centros especializados do Brasil.
No estudo, foram analisadas cerca de 2.807 proteínas do hipocampo de camundongos com Alzheimer, tratadas com diferentes doses de lítio. Os pesquisadores identificaram que o medicamento foi capaz de modular uma via inflamatória chamada TLR4, que, quando ativada, contribui para a progressão da doença. Ao reduzir a ação dessa via, o lítio ajudou a frear processos que levam à perda progressiva de memória e função cognitiva.
“Os resultados mostram que o lítio tem um efeito anti-inflamatório importante, capaz de reorganizar redes moleculares que estão desreguladas no cérebro com Alzheimer. Isso pode abrir caminho para novas abordagens terapêuticas”, explicou Carlos.
A pesquisa, que já havia sido premiada nos Estados Unidos em 2024, agora entra em sua fase mais madura, com os resultados finais apresentados para a comunidade científica. A expectativa é que o estudo seja publicado ainda este ano em uma revista científica.
“Nosso objetivo é traduzir essas descobertas do laboratório para o atendimento clínico de pacientes. Com os dados que temos, o próximo passo é testar a aplicação prática, por meio de análises de biomarcadores, como os presentes no líquor”, complementou.