A estiagem que castiga o município de Paulistana (PI) desde o início do ano já trouxe consequências severas para a agricultura familiar e para a apicultura, atividade que se consolidou como uma das principais fontes de renda da região.
De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura, a perda das lavouras de milho e feijão foi total, e o gado também começa a sofrer com a escassez de pasto e água. O Rio Pilões, que abastece comunidades locais, encontra-se completamente seco, enquanto a barragem do Batimaré opera em níveis críticos, entre 20% e 30% da capacidade.
“Estamos vivendo um ano atípico. Tivemos perda total de 100% da agricultura familiar, milho e feijão, e agora também na pecuária pela falta de pasto e água. É uma realidade muito difícil”, lamentou o secretário de Agricultura, Lucas Brito.
Paulistana é conhecida como um dos polos de produção de mel orgânico no Piauí, contando com cerca de seis associações de apicultores. No entanto, a falta de chuvas comprometeu a floração das plantas, deixando as abelhas sem alimento natural.
“No começo do ano tivemos uma pequena florada do mameleiro, mas foi só. Conseguimos apenas uma colheita. Depois disso, o clima não favoreceu e os enxames começaram a se desfazer. Muitas abelhas estão migrando para outras regiões em busca de alimento”, explicou Lucas Brito.
Para evitar a perda definitiva dos enxames, os criadores adotaram a alimentação artificial das colmeias, uma medida emergencial que deve se manter até o retorno das chuvas, previsto apenas para outubro ou novembro.
“Sem alimento e sem condições climáticas adequadas, as abelhas não resistem. O medo é perdermos parte significativa da produção e comprometer o próximo ciclo”, reforçou o secretário.
A situação acende um alerta para toda a região, já que a apicultura é não apenas um patrimônio cultural, mas também uma atividade que sustenta centenas de famílias no semiárido piauiense.